domingo, 5 de maio de 2013

Tchau, carrapato!

http://www.youtube.com/watch?v=m72_iTP5UD0&feature=youtube_gdata


Vamos hoje entender um pouco mais como funcionam as pragas em animais domésticos, quero ajudar transferindo para você um pouquinho da minha experiência com carrapatos.
Depois de sofrer bastante com eles, e meus cachorros mais ainda, resolvi conhecer melhor meu inimigo e descobrir seus pontos fracos.  
Então aprendi que qualquer praga pode ser exterminada das seguintes maneiras:
- Eliminando sua fonte de alimentação (morrem ou migram);
- Queimando o seu habitat (morrem ou migram);
- Envenenando (morrem);

Porém, o carrapato tem algumas peculiaridades, o fato de seu ciclo reprodutivo variar entre 14 e 21 dias, dependendo das condições climáticas, temperatura e umidade, faz com que nas infestações ele apareça em todas as suas fases de desenvolvimento (ovo, ninfa, adulto, fêmea fecundada, fêmea ingurgitada). Outra de suas peculiaridades é que, durante seu ciclo de vida, ele vai para o cachorro e volta para o ambiente pelo menos duas vezes. Nisso reside a principal dificuldade no combate pois quando você joga veneno no ambiente muitos estão protegidos no cachorro e vice-versa. Nesse contexto é necessário um plano de ação unificado cachorro/ambiente. 
Também quero destacar que o uso de veneno a longo prazo pode trazer sérios problemas de saúde, tanto para os cães quanto para os seres humanos. 
Pensando nisso busquei alternativas e o óleo de neem foi o que deu melhor resultado.

O Neem é uma planta de origem indiana, trazida para o Brasil no início do século passado e bem adaptada a região nordeste. Das sementes é extraído o óleo que tem ação inseticida e repelente. A princípio usado na agricultura orgânica para controle de pragas, como cochonila, lagarta e pulgão, mostrou ação carrapaticida também. Além de barato é facilmente encontrado para comercialização em viveiros de plantas e lojas de jardinagem.

Meu plano de combate é assim:
1 banho por semana com sabonete de neem e condicionador com neem;
1 pulverização por semana no ambiente de óleo de neem;

Receita de sabonete:
200g. de glicerina base para sabonete;
20 ml de óleo de neem;
40 gotas de essência ou óleo de alecrim, cravo ou citronela.

Condicionador:5 ml de óleo de neem em qualquer condicionador para cães de 500 ml.

Solução para Pulverização:5 ml de óleo de neem em 500 ml de água;

Por ser fotossensível o óleo de neem tem sua ação reduzida em 60% após 4 horas de exposição à luz do sol. Para maior eficácia deve ser aplicado preferencialmente ao entardecer.
Lembre sempre: se o cão apresentar alguma alergia ao produto, suspenda o uso.


SE QUISER SE APROFUNDAR MAIS, PODE LER O SEGUINTE ARTIGO DA UNIVERSIDADE DE MARINGÁ:

EFICÁCIA DO ÓLEO DE NIM (Azadirachta indica) NO CONTROLE DO
CARRAPATO DO CÃO (Rhipicephalus sanguineus)

Paulo Cesar Gonçalves Perpétua
; Marcela Nunes Liberati¹; Sandra Maria 
Simonelli
; Jussara Maria Leite Oliveira Leonardo²

RESUMO:
O  carrapato  do  cão  (Rhipichepalus  sanguineus)  é  conhecido  pelo  seu  potencial  patológico  e
zoonótico. As infestações pelo R. sanguineus são de difícil controle, já que este parasita realiza suas mudas
no  ambiente  e  apenas  cerca  de  5%  dos  carrapatos  permanecem  no  animal.  Os  acaricidas  atualmente
usados  atuam  apenas  nas formas  fixadas  no  animal,  deixando,  portanto  95%  da  populaç ão de  carrapatos
livres de sua atuação. O nim (Azadirachta indica) é conhecido por atacar diretamente o ciclo reprodutivo dos
carrapatos, além de não apresentar riscos  à s aúde humana  como a maioria dos  acaricidas convencionais  .
Os c ães estão cada vez mais próximos do homem, o que favorece o surgimento de um potencial zoonótico,
já  que  o  R. sanguineus  pode erroneamente transmitir  a  Rickettsia rickettsii,  o  bioagente da  febre  maculosa
dos  humanos.  Foram  utilizados  60  c ães  da  região  de  Maringá  com  parasitismo  acentuado  (acima  de  10
carrapatos)  ,  foram  feitas aplicações top  spot de óleo  de nim  diluído a 10%  por  trinta dias  com intervalo de
cinco  dias  a  c ada  aplicação,  os  animais  foram  monitorados  ao  início  do  projeto  acerca  de  presença  de
hemoparasitas  e  volume  globular  (VG).  Foram  observados  após  os  trinta  dias  de  teste  a  presença  de
ectoparas itas no animal e/ ou no ambiente.

PALAVRAS-CHAVE:
Acaricida; Ectoparasitas; Nim.

1 INTRODUÇÃO
As parasitoses têm afetado os animais e conseqüentemente o homem, ameaçando
a  saúde  pública.  Dentre  as  parasitoses  dos  animais  de  companhia  destacam-se,
provavelmente pelo seu potencial zoonótico, as ectoparasitoses por carrapatos.
O  carrapato  do  cão  (Rhipicephalus  sanguineus)  é  uma  espécie  cosmopolita,
introduzida no continente americano juntamente com os cães. A sua preferência por cães
como  hospedeiro  eletivo  facilitou  sobremodo  a  sua  disseminação  pelo  globo  (SERRA-
FREIRE & MELLO, 2006 p. 71).
O  R.  sanguineus  é  considerado  o  principal  vetor  dos  bioagente  da  babesiose
canina (Babesia canis), da riquetisiose canina (Rickettsia canis) e ainda como hospedeiro
intermediário  de  Hepatozoon  canis.  O  carrapato  pode  transmitir  a  babesiose  eqüina
(Babesia caballi e B. equi) a anaplasmose (Anaplasma marginale) para bovinos e também
a  Rickettsia rickettsii, o bioagente da febre maculosa  [dos  humanos] (SERRA-FREIRE  &
MELLO, 2006 p. 72). O R. sanguineus transmite a pancitopenia tropical canina  (E hrlichia
canis) (BOWMAN, 2006 p. 55).
Atualmente,  os  carrapatos  de  cães  e  gatos  são  mais  facilmente  tratados  com  a
aplicação tópica de fipronil (BOWMAN, 2006 p. 55).

O fipronil é aparentemente absorvido durante a ingestão de sangue (MELHORN et
al,  2001  p.  34).  Apesar  de  sua  rápida  ação  sobre  carrapatos  (48  horas)  o  fipronil  não
promove efeito preventivo contra a ectoparasitose, já que só afeta os parasitas fixados ao
hospedeiro.
Os  efeitos  neurotóxicos,  carcinogênicos  e  reprodutivos  do  fipronil  no  ser  hum ano
ainda  são  discutíveis.  Segundo  Ohi  et  al  (2002)  o  experimento  realizado  em  ratos,
constatou  que  à  500mg/kg  o  fipronil  pode  ser  considerado  seguro  e  levemente  tóxico,
conforme conceitos toxicológicos. Quanto aos resultados  dos parâmetros reprodutivos, a
administração  de  fipronil  70  e 280  mg/kg,  aumentou  o  tempo  (dias)  de  duração  do  ciclo
estral  diestro.  O  fipronil  reduziu  significativamente a  taxa  de gestação  (67,0%)  na  maior
dose  (500mg/kg).  Com  base  nestas  constatações,  pode-se  concluir  que  a  utilização  do
fipronil pode interferir na capacidade reprodutiva de animais modelo.
Os extratos de nim  (Azadirachta indica) causam m ortalidade  de carrapatos assim
como  a  redução  da  fecundidade  e  fertilidade  (WILLIAMS  apud  MARTINEZ, 2002 p.  76).
Estudos  mostram  que  estes  produtos  são  muito  mais  seguros  que  outros  de  origem
sintética  insistentemente  utilizados  no  controle  de  insetos,  e  que  podem  atuar  como
veneno sobre o sistema nervoso central do homem. A toxicidade do óleo de A . indica em
carrapatos  foi  avaliada,  confirmando  a  dose-dependência  para  mortalidade.  Quando
foram  utilizadas  amostras  de  óleo  100%  puras,  observou-se  mortalidade  de  100%  das
larvas de  carrapato,  após 48 h; a  DL50 de diferentes  concentrações  foi  de  33%  (56  h),
66,7% (48 h) e 100% (36 h) e foi detectada ausência de ou efeitos adversos muito suaves
nos  animais  hospedeiros  estudados,  o  que  garante  segurança  na  sua  utilização
doméstica. (VIEGAS JR., 2003)
A  azadiractina  pode  afetar  insetos  tanto  por  ingestão  como  por  contato.  Não  há
registros  de  toxicidade  de  nim  para  humanos.  Na  África  e  no  Caribe,  as
pessoas,principalmente as crianças, comem frutos maduros de nim  (MARTINEZ, 2002).
Considerando  portanto,  as  alterações  fisiológicas  causadas  aos  parasitas,
associadas  ao  período  de  ação  da  azadiractina,  bem  como  aos  baixos  níveis  de
toxicidade  tanto  para  humanos  como  para  animais,    acredita-se  que  o  Nim  (A.indica),
pode  ser  uma  importante  substância  no  combate  ao  carrapato  do  cão  (R.  sanguineus).
Acredita-se também que a A. indica possa exercer uma função protetora contra a fixação
dos  carrapatos,  bem  como  exerce  papel  repelente  nos  insetos  segundo  MARTINEZ
(2002).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 60 cães, indiferentes de sexo e idade, provenientes de três canis:
Recanto  são  Francisco  (A)  (18  animais),  canil  do  HV  CESUMA R  (B)(15  animais),  canil
beneficente  de  uma  ONG(C)  (23  animais)  e  1  proprietário  particular  (D)(4  animais)  da
cidade de Maringá. A seleção foi feita devido a presença de no mínimo 10 carrapatos no
animal,  histórico  de  observação  de  carrapatos  no  ambiente  e  canis  com  infestações.
Foram  realizados hematócrito (HT), proteína plasmática total (PPT) e esfregaço de  ponta
de orelha, para pesquisa de hemoparasitas, de todos animais no início do projeto, porém
não foram observadas alterações significativas.   Foram realizadas aplicações top spot de
óleo  de  Nim  diluído  (em  água)  a  10%  na  dose  de  0,6  ml/kg  a  cada  cinco  dias  por  um
período de trinta dias. Nos canis foi ainda indicado a pulverização de óleo de nim a 2,5%
(conforme as recomendações do fabricante).  Após  o  término dos testes  foram  avaliadas
as reinfestações por carrapatos e estipulados índices em porcentagem da eficácia do Nim
e em cada estabelecimento.
3 RESULTADOS E DISCUSS ÃO

No  canil  A  (Recanto  São  Francisco)  9  dos  18  animais  haviam  recebido  aplicações  de
fipronil  duas  semanas  antes  da  avaliação  e  já  apresentavam  reinfestação,  e  4  deles
haviam apresentado erliquiose 6 m eses antes; além das aplicações a cada cinco dias, foi
feita  uma  pulverização  no  ambiente,  após  o  final  dos  testes  100%  dos  animais
encontravam-se livres  de  carrapatos.  O proprietário  resolveu  adotar o nim como medida
preventiva,  aplicando  com  auxilio de spray  o óleo de nim  a 10% a cada sete dias, até o
presente momento não houve infestação por carrapatos no local.
20
15
número de
10
carrapatos
5
aplicaçao do
óleo de nim
0
ja n fev marc m aio jun jul
Figura 1. Evolução do combate ao carrapato após a aplicação do óleo de nim no canil A
No  canil  B  (Canil  do  Hospital  Veterinário  CESUMAR)  houve  uma  interrupção  após  a
terceira  aplicação  do  produto  devido  há  ao  fato  de  alguns  anim ais  terem   contraído
cinomose,  dois  animais  vieram  a  óbito  e  2  semanas  depois  as  três  aplicações  que
faltavam  foram  feitas.  Acredita-se  que  devido  à  interrupção  no  tratamento  o  ciclo
trioxênico  do  carrapato  não  foi  quebrado  e  por  isso  a  infestação  não  foi  totalmente
controlada, além de a constante chegada de pacientes infestados ter causado sucessivas
reinfestações,  dificultando  atingir  o  ciclo  completo  do  carrapato.  Houve  um a  diminuição
significativa no número de carrapatos, porém não houve controle 100% eficaz.
30
25
20
número de
carrapatos
15
aplicação do óleo de
10
nim
5
0
març abr maio  jun
Figura 2. Evolução do combate ao carrapato após a aplicação do óleo de nim no canil B
No canil C (proprietário particular) Foram feitas apenas  as  aplicações  top  spot  sugeridas
na posologia indicada. Após o término dos testes observou-se ausência de carrapatos em
100%  dos  animais,  porém,  após  2  semanas  houve  uma  reinfestação,  não  houve  uma
segunda fase de aplicações de óleo nim, o proprietário optou por usar outros acaricidas.
Acredita-se  que  devido  ao  ambiente  casa  e  jardim  o  efeito  do  nim  possa  ter  sido
minimizado como descrito por MARTINEZ (2002) “A azadiractina é sensível à luz do sol
à  temperatura,  e  conseqüentemente  se  decompõem  com  o  tempo”.  Além  do  baixo
numero  de  cães  (4  animais)  poder  indicar  que  a  quantidade  de  banhos  fornecida  no
período fosse maior. Contudo o nim mostrou se 100% eficaz ao combate dos carrapatos,
porém, não em seu controle. Possivelmente nessa situação as repetições das aplicações
deveriam ser mais próximas
16
14
12
10
número de
carrapatos
8
aplicação do
6
óleo de nim
4
2
0
nov out  dez jan
Figura 3. Evolução do combate ao carrapato após a aplicação do óleo de nim no canil C.
O  canil  D  (canil  beneficente  de  uma  ONG)  apresentava  uma  intensa  infestação  de
carrapatos,  3  dos  anim ais  foram  positivos  para  babesia  sp.  ao  esfregaço  de  ponta  de
orelha, 8 apresentavam anemia leve (ht entre 24-30), foram feitas somente as aplicações
top spot propostas na posologia indicada, após o final dos testes observou-se ausência de
carrapatos  em  100%  dos  animais  e  após  um  período  de  27  dias  não  houve  novas
infestações. Após esse  período  a  proprietária  voltou a administrar o óleo de neem como
medida preventiva.
50
40
30
núme ro  de
carrapatos
20
aplicação do óleo
10
de nim
0
out nov dez 4°
Trim
Figura 3. Evolução do combate ao carrapato após a aplicação do óleo de nim no canil D.

4 CONCLUSÃO
O  óleo de nim  a 10%  na  dose de  0,6 ml/kg sob aplicações top  spot  a cada  cinco
dias por  um  período  de 30 dias  (totalizando 6 aplicações) mostrou-se eficaz no  combate
do  carrapato  do  cão,  possibilitando  assim  o  combate  ao  R.  sanguineus  de  uma  forma
natural  sem  efeitos  colaterais  observados.  Porém  sua  eficácia  no  controle  contra
reinfestações  mostrou-se  indefinido  na  posologia  indicada,  embora  os  canis  A  e  D  que
utilizam  o  produto  até  o  presente  momento  sob  uma  aplicação  a  cada  sete  dias  não
observaram reinfestações.

A  posologia  poderia  ser  ajustada  visando  o controle  do  carrapato,  já  que o  relato
inédito  de  combate  ao  carrapato  do  cão  in  vivo  não  tinha  padrões  para  estabelecer  a
posologia que acabou sendo escolhida empiricamente.


REFERÊNCIAS
BOWMAN, D. D. et al. tradução Cid figueiredo e Thais  H. Bitencourt Figueiredo.
Parasitologia Veterinária de Georgis
.8.ed. Barueri SP: Manole, 2006.;
MARTINEZ, S. S. O Nim: Azadirachta indica – natureza, usos múltiplos, produção /
Instituto agronômico do Paraná
. Londrina: IAPAR, 2002.
MELHORN, H. et al. Pulga de Gato.
Nosso Clínico
, São Paulo, n. 22, p. 28 – 34,
julho/agosto, 2001.
OHI, M.
Efeitos Reprodutivos e Tóxicos do Fipronil (Frontline Top-Spot) em Ratos
.
Dissertação ( Mestrado em farmacologia) – Universidade Federal do Paraná.
Curitiba:[s.n], 2002.
SERRA-FREIRE, N. M. & MELLO, R.P.
Entomologia & Acarologia na Medicina
Veterinária.
Rio de Janeiro: L.F. livros, 2006.
VIEGAS JÚNIOR, C. Terpenos com atividade inseticida: uma alternativa para o controle
químico de insetos.
Química Nova
, São Paulo, 2003. Disponível em :
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422003000300017&lng=in&nrm=iso& tlng=in>. Acesso em: 20/05/08

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